Quem estaria nesta posição? Atores, palestrantes, professores, palhaços, políticos, contadores de estórias, pastores, enfim… uma grande variedade de indivíduos com grande experiência na arte das apresentações, e para facilitar nossa redação os chamaremos genericamente de apresentadores.
Todos eles experimentados e calejados de palco e de público, alguns famosos e outros desconhecidos da mídia, e que, para chegar a esta posição, utilizaram de muita prática e estudo para desenvolver as diversas habilidades necessárias ao sucesso.
Agora, imagine você nesta condição. Não seria uma beleza? Autoconfiante, poderoso, cativante e “serelepe”. Sem nenhuma dificuldade de apresentar suas ideias de forma clara e concisa. Um verdadeiro “hipnotizador” de plateias.
Estar nesta ponta da escala é sentir que poderia – perfeitamente, habilmente e facilmente – vender areia no deserto para um bando de beduínos.
E você, sentindo-se assim “a última bolacha do pacotinho”, poderia apresentar seu TCC na faculdade sem dificuldades, poderia apresentar seus produtos naquela multinacional sem gaguejar, poderia palestrar no clube ou na igreja sem suar frio, sem esquecer o texto e ser feliz em tantas outras oportunidades…
Mas, infelizmente, não é tão simples assim. Apesar de toda segurança e habilidades já conseguidas e consolidadas com o tempo, o apresentador experiente também carrega expectativas bem elevadas sobre a qualidade de sua própria performance e o resultado desejado de sua apresentação.
Acontece ainda que a “Divina Providência” geralmente premia os indivíduos que habitam esta ponta da escala com plateias mais exigentes.
Estas plateias tem uma expectativa muito maior em relação aos seus apresentadores experimentados. Muitas vezes elas já sabem de antemão muitos dos diálogos, das estórias, das piadas e dos truques normalmente utilizados pelo apresentador. Esperam nada menos que a excelência de seu desempenho.
Com este cenário posto – um apresentador confiante e habilidoso diante de uma platéia com alta expectativa – o que poderia ocorrer de errado?
Lembro então de muito tempo atrás… perto dos meus 20 anos de idade. Estava aprendendo a dirigir, e disse a meu pai:
– Tenho medo de bater o seu carro. Ao que ele me responde:
– Você não vai bater o carro agora… vai bater quando adquirir confiança suficiente para deixar de se procupar…
E não é que ele estava certo? Só bati o carro quando achei que já sabia tudo de dirigir. O perigo aparece justamente quando “nos achamos” os tais.
Não são poucos os exemplos de apresentadores, palestrantes e gurus dos negócios que “derrapam nas estradas escorregadias da soberba e do descuido”.
O excesso de confiança e a falta de atenção aos detalhes frente à plateia exigente é uma receita conhecida para o desatre eminente, pois geralmente nos distraímos ou deixamos de ser tão cuidadosos quando assumimos que já sabemos tudo, quando relaxamos nos detalhes e deixamos a arrogância no comando.
Para qualquer perfil de apresentador, seja ele experiente ou não, seu maior desafio será o de conseguir a atenção da plateia. O maior medo do apresentador reside, portanto, na falta de interesse de seu público.
E qual a maior falha que um apresentador pode cometer diante de sua plateia?
Observe o que nos ensina o famoso palhaço americano Avner Eisenberg:
Não tente ser interessante, seja interessado. Se você tem interesse por algo, as pessoas vão prestar atenção. Se você tentar dizer às pessoas em que elas deveriam se interessar, você irá perdê-las.
– Avner Eisenberg