Após uma apresentação habitual, daquelas com plateia presente em bom número, você percebe alguns sinais de concordância com o discurso, recebe palmas e alguns abraços reconfortantes – nada de extraordinário – até que chega o momento de deixar o recinto.
No silêncio de nossos pensamentos podemos ter, em geral, dois tipos de sensação:
- A de que nos saimos bem, que o recado foi passado e estamos satisfeitos, ou,
- A de que o discurso não foi bom, e rapidamente ficamos angustiados pensando em todas as coisas que deveríamos ter dito ou feito de forma diferente.
Embora o sentimento de satisfação com o próprio desempenho seja algo natural para quem fez lição de casa e seguiu à risca o planejamento elaborado e praticado previamente, a sensação de que “faltou algo” também não é incomum a qualquer apresentador.
No meu caso, mesmo depois de todos os treinamentos e apresentações aplicadas ao longo de vários anos, e apesar de pensar em todos os aspectos positivos da apresentação realizada, dificilmente saio totalmente satisfeito. Sempre tem alguma coisa que penso que poderia ser diferente.
O fato de buscar constante aprimoramento nos traz sempre o questionamento do que foi feito, e buscar entender como e o que poderia ter sido diferente. Já o fato de treinar previamente reduz consideralvelmente esta sensação, mas não a elimina. Por quê?
Justamente porque jogo é jogo, e treino é treino. E existem muitas diferenças entre uma situação e outra. E nem pense, com isso, em eliminar o treino, muito pelo contrário. O treinamento é fundamental para simular as condições mais reais possíveis, estabelecer as ações rotineiras e os procedimentos de contorno para as reações adversas. E estas irão aparecer.
Sem a devida preparação da apresentação com o detalhamento do roteiro, as frases de efeito, pausas, entonação imaginada etc…, e sem o treinamento do discurso com as devidas revisões, redução de frases e mudança de palavras verificadas na prática, um bom resultado seria improvável.
Até para improvisar é necessário estar preparado. Pois a possibilidade, ou ainda a necessidade, de ajustar uma frase ou outra durante a apresentação é real. Isso somente será possível com uma boa preparação baseada no conteúdo, na sequência e na análise do contexto.
A grande diferença entre o treino e o jogo, ou entre a preparação e a aplicação da palestra, é justamente a presença e a interação, mesmo que silenciosa e atenta, da plateia.
E assim entre a palestra que você ensaiou, a que foi feita, e a que você pensa que deveria ter aplicado, poderão existir diferenças sutis ou enormes, e somente com uma detalhada preparação e muito treinamento você poderá garantir sua satisfação com o resultado obtido.