Nosso sistema nervoso autônomo (SNA) – que regula muitas de nossas funções endócrinas e mecanismos de defesa – não precisa de nossa autorização para funcionar e, consequentemente, expõe nossos sentimentos de insegurança através de boca seca, mãos suadas, tremedeiras e muitos outros alertas indesejados.
Mas isso não acontece apenas com os animais. Qualquer ser humano pode ser perspicaz o suficiente para interpretar sinais não-verbais mesmo antes de seu interlocutor abrir a boca e iniciar o discurso.
Não podemos esquecer que o som de nossa fala se propaga a 0,34 quilômetros por segundo, enquanto a luz – que permite que alguém veja nossos gestos – viaja a 300.000 quilômetros por segundo e, portanto, mesmo antes de falar algo você já transmitiu muitas coisas pelas expressões faciais.
Para nosso temor ou alegria, dependendo de nossa preparação – ou falta dela, quando pessoas são agrupadas em plateias parecem ter seus sensores potencializados e reagem coletivamente aos nossos sinais, sejam eles planejados e intencionais ou improvisados e involuntários, produzindo uma energia contagiante e característica, que pode ser positiva (aplausos) ou negativa (vaias).
Por isso o estudo, o treinamento e o planejamento das expressões adquirem um papel fundamental nas apresentações, visto que podemos provocar reações emocionais da plateia que favoreçam o entendimento coletivo da mensagem.
A solução para evitar os sinais errados passa pelo auto-conhecimento e pela prática de mecanismos de gestão emocional. Uma habilidade a ser desenvolvida.
Nossos pensamentos influem diretamente em nosso estado emocional e este, sem muitos rodeios, comanda nosso sistema nervoso. Como resultado nossas expressões faciais e gestos transbordarão em mensagens, muitas vezes indesejadas.
No ambiente comercial, por exemplo, se estamos inseridos em negociações e vendas, prestar atenção aos detalhes da comunicação não-verbal de nossos interlocutores e saber interpretá-los traz uma vantagem adicional.
Segundo o autor José A. Gaiarsa:
“Um observador atento consegue ver no outro quase tudo aquilo que o outro está escondendo – conscientemente ou não. Assim tudo aquilo que não é dito pela palavra pode ser encontrado no tom de voz, na expressão do rosto, na forma do gesto ou na atitude do indivíduo”.
Uma mensagem que seja completa, eficaz e adequada utilizará recursos não-verbais como expressões faciais, gestos e posturas de forma planejada e intencional.
Portanto, tome cuidado: Se não planejadas e intencionais, tais expressões faciais, gestos e posturas involuntárias poderão transmitir o oposto do que se deseja.