Mas, basta esta preocupação? Quantas vezes o resultado na cabeça de nosso interlocutor não foi o que esperávamos? Quantas mensagens não foram entendidas? Quantas propostas ou vendas foram perdidas e nem sabemos o motivo? E tudo isso pensando MUITO antes de “abrir a boca”…
Segundo R.L. Birdwhistell, em seu livro “Kinesics and Context”, de 1970, em uma comunicação entre pessoas não mais do que 35% de toda a mensagem será recebida pela voz e o restante, 65%, será transmitido pela comunicação não-verbal.
Estes valores nos dão uma pista sobre a dificuldade – ou algumas vezes sobre a facilidade da comunicação – apesar das palavras, entre duas ou mais pessoas.
Se a influência dos fatores não-verbais é tão importante em nossa mensagem, não basta apenas pensar antes de falar. É preciso planejar o tom da voz, os gestos, a postura, a expressão facial, o momento e o contexto onde daremos nosso recado.
Em poucas palavras, comunicamos com todo o corpo. Utilizamos expressões faciais, movimentos e gestos que serão mais ou menos sutis em cada pessoa. Intencionalmente ou não a nossa forma de falar, andar ou sentar transmitirá algo sobre nós e sobre o que estamos sentindo em determinado contexto.
Por isso existem momentos em que enviamos mensagens contraditórias: falamos uma coisa, com determinada intenção, mas a nossa linguagem corporal revela outra. É mais fácil definir a mensagem verbal do que controlar nossas emoções e estas, muitas vezes, transbordam sem freio e definem nosso gestual, nossos movimentos e reações endócrinas.
Olhos com pouco contato durante a fala, mãos ou dedos na frente da boca ao falar, corpo inclinado para trás (como se estivesse evitando algo), gestos fora do comum, respiração acelerada, ruborização da face ou pescoço, aumento da transpiração, mudanças no tom da voz, gaguejo, etc., enfim, muitos são os sinais resultantes do descontrole emocional.
Por outro lado, diversas situações em que há uma boa comunicação são experimentadas com muito pouca ou quase nenhuma fala envolvida. Parceiros de longa data, casais bem ajustados, pais e filhos atenciosos, esportistas e atores muitas vezes comunicam suas intenções com pequenos gestos ou expressões, olhares e sorrisos.
Outro aspecto importante é o contexto ou condição onde se fará a comunicação. Numa palestra para cinco pessoas e noutra, com mesmo conteúdo, para quinhentas pessoas, poderemos observar a influência do fator condicional no desempenho do palestrante. A carga emocional aumenta consideravelmente com uma plateia maior.
Na maioria das ações humanas, a prática é a mãe da habilidade, e no contexto da comunicação isso é a mais pura verdade. A gestão da própria emoção para a interpretação de papéis dramáticos, para o discurso de venda ou para apresentações e palestras possibilita uma mensagem totalmente adequada a plateia, feita de forma planejada e intencional.
Alguns palestrantes apresentam sinais que complementam suas palavras e intencionalmente utilizam a comunicação não verbal em seu favor: contato visual direto com a plateia, expressões faciais adequadas ao tom de voz e ao roteiro, postura firme e cativante, e gestos de mãos e braços que reforçam a mensagem num discurso claro e objetivo.
A preparação e o treinamento das habilidades de comunicação passam obrigatoriamente por diversos aspectos importantes, sendo que os denominados não-verbais são os que demandam maior esforço de observação, concentração e estudo.
Fundamentada no controle emocional, definida e planejada para o contexto da apresentação, e, por fim, treinada e utilizada de forma intencional, a comunicação não-verbal garantirá uma mensagem completa, eficaz e adequada a platéia.